domingo, 20 de maio de 2012

Castro Alves: O poeta dos escravos


  A poesia é a forma de expressão humana mais próxima da música. Envolve a arte da linguagem humana e o fazer poético está diretamente ligado aos sentimentos, ao ritmo e as palavras cantadas em uma mesma melodia. Como dizia Voltaire, “A poesia é a música da alma, e, sobretudo, de almas grandes e sentimentais.”
  Por conta de toda a sua importância para a literatura, o dia 21 de março é conhecido como o Dia Mundial da Poesia. Mas, bons brasileiros que somos, por aqui, quebramos paradigmas. Em terras brasileiras, o Dia Nacional da Poesia é celebrado no dia 14 de março, foi criado como uma homenagem ao dia de nascimento de um grande poeta brasileiro: Castro Alves. Que tal prestigiarmos e conhecermos um pouco mais sobre a vida e a obra desse grande mestre da nossa literatura?


  Antônio Frederico de Castro Alves veio ao mundo em 14 de março de 1847, na fazenda Cabeceiras, no interior da Bahia. Começou a escrever seus primeiros versos durante sua adolescência e passou a ter notoriedade ao ingressar na Faculdade de Direito onde chamou a atenção por sua grande capacidade poética.
  A literatura de um país caminha lado a lado ao momento político e histórico de sua sociedade. No caso de Castro Alves, isso não poderia ser diferente. Os grandes centros urbanos do Brasil voltavam seus olhos à cultura urbana e houve uma invasão de temas e debates a respeito de ideias democráticas, como a abolição da cultura escravocrata e a dura vida dos negros.
  A obra de Castro Alves, acima de tudo, teve grande influência política e abolicionista. Dessa forma, ele se distancia dos autores da primeira e segunda geração do Romantismo e inaugura a poesia como denúncia e crítica social. Assim, surgiram grandes obras como Espumas Flutuantes (1870), A cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os Escravos (1883), sendo as duas últimas publicadas postumamente.

  A obra mais marcante sobre o tema, sem dúvida, é Navio Negreiro, em que o poeta narra a trajetória dos negros trazidos da África nos navios negreiros. O longo poema é uma provocação ao conformismo das altas classes sociais e traz a controvérsia entre as belezas brasileiras e a vergonha de emprestar sua bandeira para cobrir os corpos torturados dos escravos. Por conta de toda a sua contribuição e luta abolicionista, Castro Alves recebeu a alcunha de “Poeta dos Escravos”. 

"Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!   
 
Albatroz!  Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz!  Albatroz! dá-me estas asas."  
O Navio Negreiro Parte I 

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