A poesia é a forma de expressão humana
mais próxima da música. Envolve a arte da linguagem humana e o fazer poético
está diretamente ligado aos sentimentos, ao ritmo e as palavras cantadas em uma
mesma melodia. Como dizia Voltaire, “A poesia é a música da alma, e, sobretudo,
de almas grandes e sentimentais.”
Por conta de toda a sua importância
para a literatura, o dia 21 de março é conhecido como o Dia Mundial da Poesia.
Mas, bons brasileiros que somos, por aqui, quebramos paradigmas. Em terras
brasileiras, o Dia Nacional da Poesia é celebrado no dia 14 de março, foi
criado como uma homenagem ao dia de nascimento de um grande poeta brasileiro:
Castro Alves. Que tal prestigiarmos e conhecermos um pouco mais sobre a vida e
a obra desse grande mestre da nossa literatura?
Antônio Frederico de Castro Alves veio
ao mundo em 14 de março de 1847, na fazenda Cabeceiras, no interior da Bahia.
Começou a escrever seus primeiros versos durante sua adolescência e passou a
ter notoriedade ao ingressar na Faculdade de Direito onde chamou a atenção por
sua grande capacidade poética.
A literatura de um país caminha lado a
lado ao momento político e histórico de sua sociedade. No caso de Castro Alves,
isso não poderia ser diferente. Os grandes centros urbanos do Brasil voltavam
seus olhos à cultura urbana e houve uma invasão de temas e debates a respeito
de ideias democráticas, como a abolição da cultura escravocrata e a dura vida
dos negros.
A obra de Castro Alves, acima de tudo, teve grande influência política e
abolicionista. Dessa forma, ele se distancia dos autores da primeira e segunda
geração do Romantismo e inaugura a poesia como denúncia e crítica social.
Assim, surgiram grandes obras como Espumas Flutuantes (1870), A cachoeira de Paulo Afonso (1876), Os Escravos (1883), sendo as duas últimas publicadas
postumamente.
A obra mais marcante sobre o tema, sem
dúvida, é Navio
Negreiro, em que o poeta narra a trajetória dos
negros trazidos da África nos navios negreiros. O longo poema é uma provocação
ao conformismo das altas classes sociais e traz a controvérsia entre as belezas
brasileiras e a vergonha de emprestar sua bandeira para cobrir os corpos
torturados dos escravos. Por conta de toda a sua contribuição e luta
abolicionista, Castro Alves recebeu a alcunha de “Poeta dos Escravos”.
"Por que foges assim, barco ligeiro?
Por que foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!
Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviathan do espaço,
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas."
O Navio Negreiro Parte I
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