quarta-feira, 13 de junho de 2012

O lado feminino da literatura brasileira


     Olhando as postagens anteriores percebi que aqui falei de poetas importantíssimos para nossa literatura. Homens admiraveis por seu talento, por escreverem versos que tanto encantaram e que nos encantam ate hoje. Hoje falarei sim de poesias e textos que encantam por serem repletos de emoção, mas textos escritos por mulheres. É dificil escolher uma ou outra, mas escolhi falar de três delas. Mulheres que um dia rabiscaram num papel seus versos e textos - e hoje nós aqui amantes de tal arte podemos desfrutar de toda riqueza passada pelas palavras delas. São elas Cecília Meireles, Ana Maria Machado e Clarice Lispector.



Cecília Meireles

     Quando Cecília Meireles nasceu, no Rio de Janeiro em 07 de novembro de 1901, já era orfã de pai (Carlos Alberto Carvalho Meireles) havia três meses. Aos três anos de idade mais uma perda: a mãe – Matilde Benevides Meireles – faleceu, deixando a menina Cecília para ser criada pela avó portuguesa Dona Jacinta Garcia Benevides. Na família de Cecília Meireles as perdas por morte foi uma característica: além dos pais, todos os três irmãos nascidos antes dela morreram também. Cecília venceu a morte precoce, mas os fatos marcantes de sua vida a influenciaram pelo resto de sua trajetória. Aos nove anos de idade, Cecília começou a escrever versos. Estudou na Escola Normal do Rio de Janeiro de 1913 até 1916 e aos dezoito anos (1919) publicou seu primeiro livro de poesias intitulado “Espectro”, um conjunto de sonetos simbolistas.

Abaixo temos um poema de Cecília, juntamente com um vídeo com uma ótima interpretação na voz de Paulo Autran e pinturas de José Ulisses Gonzales Silva.

Retrato
Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro,
Nem estes olhos tão vazios,
Nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
Tão paradas e frias e mortas;
Eu não tinha este coração
Que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face? 
                            Cecília Meireles   




Ana Maria Machado

     Na vida da escritora Ana Maria Machado, os números são sempre generosos. São 40 anos de carreira, mais de 100 livros publicados no Brasil e em mais de 18 países somando mais de dezoito milhões de exemplares vendidos. Os prêmios conquistados ao longo da carreira de escritora também são muitos, tantos que ela já perdeu a conta. Tudo impressiona na vida dessa carioca nascida em Santa Tereza, em pleno dia 24 de dezembro.
     Em 2003, Ana Maria foi eleita para ocupar a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras, substituindo o Dr. Evandro Lins e Silva. Pela primeira vez, um autor com uma obra significativa para o público infantil havia sido escolhido para a Academia. A posse aconteceu no dia 29 de agosto de 2003, quando Ana foi recebida pelo acadêmico Tarcísio Padilha e fez uma linda e afetuosa homenagem ao seu antecessor.
    Sim, livros infantis. A escritora brasileira tem livros infantis famosos e premiados, com nomes engraçados como "Bento que Bento é o Frade" e "Camilão, o Comilão". Depois de anos dedicados à escrita, ela resolveu inovar: lança um livro de poesia chamado "Sinais do Mar", com direito a rimas sobre bichos como siri, caramujos e até sobre água-viva ("água-viva quando morre fica sendo água morta?", diz o poema).
O tema tem tudo a ver com a infância de Ana Maria, que costumava passar os verões em Manguinhos, no Espírito Santo. "Ficava quase três meses por ano à beira do mar, com meus avós, junto à natureza", conta a autora, em entrevista ao UOL Crianças.

Aqui abaixo um video com a fofa interpretação de alunos da Escola Nossa Senhora da Guia, com adaptações da professora Dinair Felix, da obra de Ana Maria Machado - Menina Bonita do Laço de Fita.







Clarice Lispector

     Clarice Lispector, nascida Haia Pinkhasovna Lispector (Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920 — Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977) foi uma escritora e jornalista brasileira, nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira. De origem judaica, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. A família de Clarice sofreu a perseguição aos judeus, durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Seu nascimento ocorreu em Chechelnyk, enquanto percorriam várias aldeias da Ucrânia, antes da viagem de imigração ao continente americano. Chegou no Brasil quando tinha dois meses de idade. Sempre quando questionada de sua nacionalidade, Clarice afirmava não ter nenhuma ligação com a Ucrânia, "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui carregada de colo", e que sua verdadeira pátria era o Brasil.
     Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância no bairro de Boa Vista. Estudou no Ginásio Pernambucano de 1932 a 1934. Falava vários idiomas, entre eles o francês e inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno, o iídiche.
Em 1975 foi convidada a participar do Primeiro Congresso Mundial de Bruxaria, em Cali na Colômbia. Fez uma pequena apresentação na conferência, e falou do seu conto "O ovo e a Galinha", que depois de traduzido para o espanhol fez sucesso entre os participantes. Ao voltar ao Brasil, a viagem de Clarice ganhou ares mitológico, com jornalistas descrevendo (falsas) aparições da autora vestida de preto e coberta de amuletos. Porém, a imagem se formou, dando a Clarice o título de "a grande bruxa da literatura brasileira". Seu próprio amigo Otto Lara Resende disse sobre a obra de Lispector: "não se trata de literatura, mas de bruxaria."Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrelacom câncer inoperável no ovário, diagnóstico desconhecido por ela. Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Foi enterrada no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro. Até a manhã de seu falecimento, mesmo sob sedativos, Clarice ainda ditava frases para a amiga Olga Borelli.

Logo abaixo um vídeo com o texto Sinto Saudades - Clarice Lispector.  Um dos textos mais significativo que conheço sobre o tema saudades. Vale conferir.


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